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mardi 12 octobre 2010

A carta que ainda não te escrevi



Paris esbate-se sob a luz morna e triste do cair de tarde de Outono.
Queria sussurrar-te ao ouvido: dá-me um beijo. Passear os dedos pelos teus cabelos, afogar o meu riso no teu, as minhas mãos nas tuas, o meu olhar no teu, o meu corpo no teu... não me digas que é tarde. O tempo não existe.
Não penses no tempo em que não viveremos juntos pensa que um minuto de felicidade vale por uma vida sem emoção. E que é agora que estou aqui face a ti.
O silêncio conta-te coisas que a sensatez cala; o olhar desvia-se furtivo, mas sabes que estou aqui e que se estenderes os dedos poiso na tua mão.
Não é por ser efémera que a borboleta merece menos a vida que a tartaruga.
Os raios de sol brincam nos dedos parados no colo, ávidos dos teus e de ti. Como borboletas à procura da flor onde poisar.
Mas depois tu vais-te. Pois vou. A vida também se ira, e nos vivemos como se ficássemos para sempre. Por isso anda, o tempo não existe, e o sol que brinca nos meus dedos chama pelos teus. 
In: Love Letter's

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