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lundi 10 janvier 2011

Adriano Celentano Lunfardia

Meu amor, meu amor


Dizes-me que são palavras, palavras ao vento, expressas pela facilidade da poesia.
Acredita, se te aligeirar a alma, que as palavras têm apenas um valor poético. As minhas, não sabes, (algum dia os homens saberão?) que não são palavras, mas sentimentos escritos. Escrevo sentimentos, desenho sonhos (quando os meus dedos te contornam o corpo)...
A ideia da superficialidade das palavras alivia o coração, alivia do peso que o amor dos outros pode ter sobre a nossa (má) consciência. E eu peço tão pouco que desconfias, como um pobre desconfia diante da esmola grande demais. Peço tão pouco para quem diz querer tanto. E tu que nunca duvidaste do amor que te possam ter duvidas diante de tamanha contradição.
Deixa que te diga que não te tenho um amor seráfico e desapegado, um amor poético feito de palavras e fantasias nem um amor obsessivo e doentio. Tenho-te um amor só meu, feito daquilo que sou: pedaços de liberdade e desespero, por vezes acredito que te posso amar assim, de forma desapegada a deixar-te partir e voltar, sem perguntar, sem exigir (as mulheres gostam de exigir e eu sou uma mulher...) outras vezes queria fundir-te na pele e guardar-te em mim, esconder-te sob sete véus, não te partilhar com o olhar das outras.
Conheces o corpo das mulheres (de algumas, talvez muitas), conheces o coração de poucas.
Temes a aparente ligeireza do meu amor, como uma borboleta teme a aparente ligeireza de uma teia, temes que o meu amor seja uma teia, que teço (com palavras) a tua volta e que como uma borboleta desprevenida e imprudente te encontres prisioneiro das palavras e do valor delas. Mas na realidade não és nem nunca foste prisioneiro das minhas teias, serás eventualmente prisioneiro das tuas, daquela que teceste a volta do coração para o proteger.  Se calhar já não amas, fazes amor, pões o corpo mas pousas o coração na cadeira onde pousas as roupas que despes.  Esse amor feito (tão perfeito).
Não peço aquilo que não saberás dar, na volta não me peças que seja o que mais te convêm: ligeira e poética, a atirar palavras ao vento por fantasia.
Deixa-me amar-te como te amo, ao limite da razão, deixa-me ser profunda, deixa-me amar-te sem desconfiares do meu amor, sem pores em dúvida o valor das minhas palavras, como eu te deixarei ser ligeiro, dessa ligeireza tão masculina.
Dessa ligeireza tão desesperante...