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jeudi 30 décembre 2010

Amas-me?

Não te escrevo cartas como quem escreve poesias. A escolher conscienciosamente qual palavra vai com qual, a tinta que me sai da pena corre-me das veias, sai-me pelos olhos, pelas pontas dos dedos, esses mesmos que te percorrem o corpo nas tardes ou noites roubadas a vidas que não nos pertencem.
Não me pertences, pertences a outra, a outros caminhos, a outras casas, a outras mãos, pertenço, como tu a outra vida. E haverá lugar para nos entre as nossas vidas nessa ilusão de tempo e de espaço que criamos, ávidos de nos encontrarmos (a nos mesmos antes de encontrarmos o outro)?
Damos o coração a quem não o pede e depois desatamos a chorar que o perdemos. Atiramo-nos ao mar e dizemos, como na canção; que nos empurraram.
Não sabes a importância que as palavras podem ter para uma mulher, não sabes que sem elas não posso saber o que ando a fazer pelas ruas e pela vida de mão dada contigo, de coração amarrado ao teu. Amas-me?
Já não sabes dizer que amas, limitas-te a despir-me, sem palavras, porque tens essa certeza tão masculina de que tendo-me nas mãos, tendo o meu corpo tens todo o meu ser e eu deixo-me levar por ti mas uma questão dança na pupila dos olhos que te fixam: amas-me? Ou estas ali pela oportunidade tão fácil que ofereço de fugir a rotina e à pacatez das nossas vidas?
Qualquer dia desato a pensar que não passo de mais um animal na tua LoverVille. Os homens deixam de saber falar, quando o falar lhes parece inútil, e as mulheres desenham rosas no tecto quando de braços e pernas abertas, acham que as palavras ainda contam e muito.
Em que pensas querida?
Amas-me?
Claro que te amo, tonta! Então que havia de estar a fazer aqui se não te amasse?
E é assim evidente que me amas, se não o dizes? Não te peço para casares comigo, quero apenas saber se me amas?
Amo-te.
Por actos, palavras e pensamentos?
E tu ficarias a olhar para mim, como se eu tivesse ensandecido.
Ensandecida ando eu por te deixar despir-me o corpo e a alma sem que me digas que me amas! 

mardi 14 décembre 2010

illy coffee spot (full version)

Volteiam palavras...



Volteiam palavras, que se esfumam como estrelas cadentes antes que as possa proferir...
Volteiam sonhos...  
Tenho promessas adormecidas no coração, outras que morrem por falta de coragem. Por falta de ti já andava morta há tantos anos. Por isso, faltou-me a voz mas não a coragem de deixar que os teus dedos moldassem o meu corpo e me redesenhassem o coração.
A vida é tão curta, meu amor... e mais de metade já se foi, nesse desperdício de anos sem ti.
Não sei quanto tempo mais nos sobra, mas guardo cada instante ao teu lado como de fosse o primeiro, como se fosse o ultimo.
Beijo-te hoje, como na primeira vez, com a magia à flor dos labios, nas mãos que te despenteiam ávidas de ti, essa avidez que nem a morte lhes pode roubar, porque não mora no corpo mas na alma, espalha-se pelo sangue, solta-se pelos gestos... as palavras são pequenas e desajeitadas... e por vezes eu também.

dimanche 5 décembre 2010

CAMINANTE NO HAY CAMINO

Edvard Greeg. Solveig's Song.



Disseste-me: não posso saber o quanto me amas, não podemos saber o quanto os outros amam;
É verdade, não podes saber o quanto os outros amam, nem sentir o quanto os outros amam, mas podes sentir o quanto te amo.
Não te amo apenas por palavras, mas por actos, chamas por mim e eu respondo à tua chamada; o meu corpo responde ao teu, como uma rosa responde ao vento. O meu ser responde ao teu. E nada do que se interpõe entre nos diminui a intensidade da chamada ou da resposta.
Não podes  medir o quanto te amo porque tens medido palavras e ignorado actos.
Quando os teus dedos percorrem as costas e todo o corpo estremece, quando no silencio entre um beijo e outro os olhares se cruzam, quando nas noites de insónia te deixo uma palavra na almofada, porque a tua ausência é amarga, quando te conto histórias roubadas ao tempo que nos rouba um ao outro...
Quando o coração se faz tão pequeno que caberia numa mão fechada e eu digo com ar de menina grande e digna, que aprende a engolir as lágrimas: esta tudo bem, não te preocupe.
Diz-me, qual o valor dos actos e das palavras para os homens? Onde reside o amor no coração de borboleta deles?
Podia dizer-te que adormeço a pensar em ti e que é para ti o primeiro pensamento da manhã, como esse raio de sol que se infiltra pelas cortinas e que vem beijar-nos nas pálpebras ainda semicerradas, poderia dizer-te os restantes dias da minha vida: amo-te para que saibas que não mudei de ideias. Mas isso são palavras, e o amor reside nos actos, julga-me por esses actos, mede por ai o amor, porque o amor não é prosas nem poesias, mas todos os gestos bonitos que somos capazes de ter um para com o outro, dos mais insensatos aos mais necessários.